A soberania nacional está sob ataque direto. Essa é a grave avaliação de Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e idealizador do filme “Tropa de Elite”.
Pimentel, em entrevista à Folha de S.Paulo, alertou que a expansão territorial das facções criminosas no Brasil representa uma ameaça tão séria que o cenário nacional já é mais grave que o colombiano.
A declaração vem à tona no dia de uma megaoperação no Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho, que resultou em 64 mortes, incluindo quatro policiais, com a mobilização de 2.500 agentes.
Durante a ação, o Comando Vermelho utilizou táticas de guerra: fechamento de ruas com barricadas e veículos. Pimentel classificou esses atos como “uma ação típica de terrorismo”. Criminosos também lançaram bombas contra policiais e moradores com drones no Complexo da Penha.
Para o sociólogo formado pela Uerj, o Brasil enfrenta um “Conflito Armado Não Internacional” (Cani), uma perspectiva que ele lamenta não ser amplamente aceita pelas autoridades e pela sociedade.
O ex-capitão apontou limitações operacionais no combate ao crime organizado e a dificuldade de acesso às comunidades, que vai além da geografia.
Pimentel cobrou posicionamento de organizações da sociedade civil sobre a violência entre facções, citando o caso da dona Marli, morta dentro de casa num conflito sem a presença policial. “Mas isso eles não falam”, criticou, expondo a seletividade de certas ONGs.
O domínio territorial das facções expulsa moradores de suas casas diariamente, não com fuzil, mas com a tática velada do “vaza” pichado na parede, gerando um clima de terror e fuga.
Ele criticou a ausência de posicionamento claro das autoridades diante dessa escalada da violência e do avanço do crime organizado sobre o território nacional.
