A notícia que abala o setor industrial do Rio Grande do Sul acaba de ser confirmada: a Justiça decretou a falência da Vier Indústria e Comércio do Mate, uma das mais respeitadas fabricantes de erva-mate do estado. A decisão encerra a trajetória de uma empresa com raízes profundas na história gaúcha.
A própria companhia solicitou o encerramento das atividades em setembro de 2024, após anos de intensas dificuldades financeiras. Fundada em 1944 e com sede em Santa Rosa, no Noroeste gaúcho, a Vier já enfrentava um processo de recuperação judicial desde 2021.
Os números são alarmantes: a Vier declarou dívidas que chegam a R$ 49,743 milhões, enquanto seu patrimônio mal alcança R$ 11,884 milhões. O juiz Eduardo Savio Busanello, responsável pela sentença, determinou o lacramento imediato das instalações da empresa.
A lista de fatores que levaram ao colapso é extensa e revela os desafios enfrentados pela indústria. Entre eles, a escassez de matéria-prima, agravada pela expansão da monocultura da soja na região, o aumento exorbitante dos custos de insumos e de transporte, e a necessidade urgente de novos financiamentos.
Problemas de saúde do sócio-administrador, que culminaram com seu falecimento em 2020, e um incêndio em 2012 na sede da empresa, foram marcos adicionais que aprofundaram a crise.
A empresa Estevez Guarda foi nomeada administradora judicial da massa falida. O foco agora é na preservação do valor da marca Vier, já arrendada à Rei Verde, de Erechim, e na agilização da venda do patrimônio para honrar os compromissos com os credores.
Apesar do triste fim de uma empresa tradicional, o impacto no mercado regional de erva-mate deve ser limitado. O Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate) informa que o Rio Grande do Sul possui cerca de 240 processadoras ativas, garantindo a oferta e a estabilidade do setor com mais de 1,5 mil marcas diferentes.
