Os corpos de quatro homens foram localizados em Icaraíma, noroeste do Paraná, após 44 dias de intensas buscas. A Polícia Civil do estado confirmou a identidade das vítimas como Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Henrique Afonso e Alencar Gonçalves de Souza. Os três primeiros viajaram de São José do Rio Preto (SP) para cobrar uma dívida de Alencar, que os havia contratado para este serviço.
Antonio Buscariollo, de 66 anos, e seu filho Paulo Ricardo Costa Buscariollo, de 22, são os principais suspeitos dos assassinatos e atualmente estão foragidos, com mandados de prisão temporária expedidos contra eles. A investigação aponta que a dívida em questão estava ligada a “negócios ilícitos” entre as partes.
O levantamento da Polícia Civil revelou que três das vítimas possuíam um extenso histórico criminal. Diego Henrique Afonso, por exemplo, acumulou ocorrências entre 2018 e 2024, que incluem ameaças à esposa (Lei Maria da Penha), estelionato e uma acusação de redução à condição análoga à de escravo em 2023.
Rafael Juliano Marascalchi, por sua vez, tinha registros que datam de 2005, quando foi acusado de tentativa de homicídio. Sua ficha criminal também apresenta tráfico de drogas em 2007 e 2008, diversas ameaças entre 2014 e 2025, além de violência doméstica contra a esposa em 2017.
Robishley Hirnani de Oliveira também carregava um histórico criminal desde 2003, com acusações de furto qualificado, crimes ambientais, embriaguez ao volante e múltiplos casos de estelionato e ameaças, incluindo contra sua esposa. Alencar Gonçalves de Souza, o homem que contratou o trio e era o elo com os devedores, não possuía antecedentes criminais.
Entre os suspeitos, apenas Antonio Buscariollo tem um registro policial por porte de arma, datado de 2018. Seu filho, Paulo Ricardo, não possui antecedentes, conforme informações divulgadas pela polícia.
Diante da divulgação dessas informações, a advogada Josiane Monteiro, que representa as famílias de Diego, Rafael e Robishley, questionou a revelação dos antecedentes criminais das vítimas. A Polícia Civil, no entanto, comunicou que as investigações prosseguem sob sigilo.
O desdobramento do caso teve início em 4 de agosto, quando os três homens de São Paulo viajaram para Icaraíma. Eles fizeram uma primeira visita ao distrito de Vila Rica do Ivaí para o contato inicial com os devedores. No dia seguinte, 5 de agosto, foram vistos pela última vez em uma panificadora local por volta das 10h e, às 12h, pararam de responder às mensagens de seus familiares.
Em 6 de agosto, a esposa de Robishley registrou o desaparecimento. As autoridades realizaram uma visita à propriedade onde a cobrança seria efetuada.
As investigações apuraram que a dívida se referia à compra de uma propriedade rural, adquirida pela família Buscariollo de Alencar por R$ 255 mil, valor dividido em dez notas promissórias de R$ 25 mil cada. Familiares das vítimas informaram que os três homens trabalhavam com cobrança de dívidas há 13 anos. Inicialmente, surgiram informações divergentes sobre o valor total da dívida, com menções a R$ 1 milhão em boletim de ocorrência e R$ 100 mil por testemunhas, mas apenas o valor de R$ 255 mil foi confirmado nas investigações.
Os corpos foram encontrados em 18 de setembro, apresentando marcas de tiros, a uma distância de 650 metros do local onde o veículo das vítimas foi localizado escondido. Os pertences dos homens também foram achados enterrados no mesmo local. As declarações de óbito indicaram politraumatismo, traumatismo craniano e ferimentos causados por arma de fogo.
A defesa dos suspeitos nega qualquer envolvimento no crime, enquanto a Polícia Civil mantém o sigilo sobre o andamento das investigações para apurar a fundo o assassinato quádruplo.
