O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a instauração de uma investigação independente para apurar os fatos da megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. A declaração, feita na terça-feira (4) durante encontro com correspondentes internacionais em Belém, classificou a ação como “desastrosa”.
A operação em questão resultou na morte de mais de 100 criminosos, e a posição do presidente em favor de uma apuração externa indica uma clara tomada de partido, levantando discussões sobre o papel das forças de segurança.
Conhecida como “Operação Contenção”, a mobilização contou com 2,5 mil agentes de diversas unidades policiais do Rio de Janeiro, com o objetivo de cumprir cerca de 100 mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho. Durante os confrontos armados, 117 criminosos e quatro policiais perderam a vida.
Curiosamente, o presidente Lula optou por não emitir comentários específicos sobre a morte dos policiais envolvidos na ação.
Em resposta à postura presidencial, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro criticou o chefe do Executivo durante um evento do PL Mulher em Londrina (PR) no sábado (8). A esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que Lula “pensa em entregar pensão para as famílias dos criminosos”, em alusão aos indivíduos mortos na Operação Contenção.
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, contudo, emitiu um comunicado oficial para desmentir informações que circulavam nas redes sociais. A pasta negou a existência de qualquer proposta de assistência financeira a famílias de mortos na referida ação policial, declarando que a informação “não procede”.
No mesmo evento em Londrina, Michelle Bolsonaro também conduziu uma oração em memória das vítimas do tornado que assolou o Paraná na sexta-feira (7), causando seis mortes e mais de 400 feridos em Rio Bonito do Iguaçu. A presidente do PL Mulher aproveitou a ocasião para descrever seu marido como “o maior líder da direita” e tecer críticas à esquerda brasileira, argumentando que seus representantes “amam viver bem, no luxo” enquanto “demonizam o agro, o empreendedor, o empresário que gera emprego, a economia liberal”.
A divergência de opiniões entre o presidente Lula e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro sobre a operação no Rio de Janeiro e as declarações subsequentes evidenciam o intenso debate político e ideológico em torno de temas como segurança pública e direitos humanos no cenário nacional.
