Morre a lenda da arquitetura mundial

O arquiteto Frank O. Gehry, conhecido por projetos como o Walt Disney Concert Hall, morreu nesta sexta‑feira, dia 5, com 96 anos.

Gehry morreu em casa, em Santa Mônica, Califórnia, depois de uma breve doença respiratória, informou Meaghan Lloyd, chefe de gabinete.

Ele ficou famoso por edifícios de formas ousadas que quebravam o jeito tradicional de construir. O ponto alto foi o Museu Guggenheim de Bilbao, aberto em 1997. Na antiga zona industrial da costa norte da Espanha, o prédio coberto de titânio deu novo fôlego à cidade e colocou Gehry como o arquiteto americano mais influente desde Frank Lloyd Wright.

Outras obras famosas são o Walt Disney Concert Hall, em Los Angeles (2003), o New World Center, em Miami (2011), com salas de ensaio cilíndricas, e a Fundação Louis Vuitton, em Paris (2014), que lembra vidro soprado.

Gehry ganhou o Prêmio Pritzker em 1989. Sua fama começou em 1978, quando reformou a casa onde morava em Santa Mônica. O modesto bangalô estilo Cape Cod virou um experimento com madeira compensada, metal ondulado e tela metálica, e ele ficou ali por 40 anos.

O experiente arquiteto Philip Johnson, falando à New York Times Magazine em 1982, disse que estar dentro de uma casa de Gehry não é nem bonito nem feio, mas gera uma satisfação estranha que não se sente em nenhum outro lugar.

Depois, Gehry passou a criar projetos quase esculturas. O Museu Vitra, na Alemanha (1989), mostra formas de estuque branco torcidas. Em Praga, a Casa Dançante (1996) tem duas torres cilíndricas que se abraçam, lembrando o casal de dançarinos Ginger Rogers e Fred Astaire, por isso o apelido “Ginger e Fred”.

Frank Owen Gehry nasceu Frank Owen Goldberg em 28 de fevereiro de 1929, num bairro operário de Toronto, Canadá. Filhos de Irving e Sadie Caplan Goldberg, ele cresceu numa casa simples de dois andares, de tijolos e telhas de asfalto – material que depois usaria em alguns projetos.

O pai de Frank fez de tudo: de dono de mercearia a vendedor de máquinas de pinball e caça‑níqueis. Quando criança, Frank e a irmã Doreen costumavam escutar música clássica no rádio com os pais.

Nos anos 1940, tudo mudou para Gehry quando seu pai, alcoólatra, teve um ataque cardíaco durante uma briga no jardim da casa. O arquiteto disse que o fato o marcou por toda a vida.

Depois que o médico avisou que o pai não aguentaria outro inverno no Canadá, a família foi para Los Ángeles. Moraram num apartamento de 50 dólares por mês, na zona oeste do centro da cidade.

Depois de servir no Exército, Gehry casou-se com Anita Snyder, que ajudou a pagar a faculdade na USC. Ele começou estudando cerâmica, mas mudou para arquitetura ao conhecer Raphael Soriano, um dos líderes do modernismo pós‑guerra na Califórnia.

Nessa época, ele trocou o sobrenome para Gehry, para fugir do antissemitismo. Trabalhou como designer e gerente na Gruen Associates e, em 1962, abriu seu próprio escritório.

Nos primeiros anos sozinho, Gehry fez principalmente projetos para incorporadoras. Entre eles, a sede da Rouse Company, em Columbia, Maryland, e duas lojas Joseph Magnin, na Califórnia.

Em 1991, Thomas Krens, diretor da Fundação Guggenheim, e o governo espanhol decidiram abrir um Guggenheim em Bilbao. Gehry recebeu o convite, e junto a Krens escolheu o antigo porto da cidade para o museu.

O prédio, terminado em 1997, contrastava com o entorno industrial. Uma escadaria em forma de cascata descia da praça ao nível da rua até um átrio que dava para o calçadão à beira‑mar, e as galerias se espalhavam em várias direções.

O interior lembrava a espiral do Guggenheim de Frank Lloyd Wright, em Nova York. A maior galeria, sustentada por treliças arqueadas no teto, oferecia ao visitante uma sensação de espaço única.

No primeiro ano, o Guggenheim Bilbao atraiu 1,3 milhão de visitantes. O sucesso mostrou que um prédio marcante pode ser um grande atrativo turístico e impulsionar a economia local.

O resultado ficou conhecido como “efeito Bilbao”, mudando a forma como arquitetura, turismo e desenvolvimento urbano se relacionam. Desde então, incorporadoras e autoridades de todo o mundo buscam copiar o modelo bilbaíno.

Depois de Bilbao, Gehry finalizou o Walt Disney Concert Hall. O prédio fica ao lado do Dorothy Chandler Pavilion, no Los Angeles Music Center, e de frente para um estacionamento. Seu exterior de aço lembra grandes velas ao vento.

Dentro, o salão tem superfícies curvas que lembram obras de Gian Lorenzo Bernini, do século XVII. Para Gehry, o prédio simbolizava o crescimento cultural de Los Angeles e ficava a poucos quilômetros da casa onde morou na adolescência.

Mesmo sendo chamado de “arquiteto‑estrela”, Gehry deu emoção às suas obras e mudou a arquitetura. Ele queria criar edifícios que fossem impressionantes, mas ao mesmo tempo acessíveis e capazes de refletir a complexidade do ser humano.

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