O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), relator da temida CPI do Crime Organizado, jogou uma bomba no cenário político ao anunciar que, após o recesso parlamentar, dará início a uma rigorosa investigação no Senado. O alvo? Um contrato milionário de R$ 129 milhões firmado entre o Banco Master e o escritório de advocacia ligado diretamente à família do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Segundo o parlamentar, o vultoso acordo estaria “fora do padrão da advocacia” e soma-se a graves denúncias de atuação direta do magistrado em favor do banco, levantando sérias questões sobre ética e conflito de interesses no mais alto escalão do Judiciário brasileiro.
A declaração, feita com veemência nas redes sociais, não deixa dúvidas sobre a seriedade da iniciativa:
“Após o recesso vou coletar as assinaturas para investigação de notícias sobre um contrato entre o Banco Master e o escritório da família do ministro Moraes, de 129 milhões de reais, fora do padrão da advocacia, além desta notícia de atuação direta do ministro em favor do banco”, escreveu o senador, expondo a gravidade da situação.
A manifestação de Vieira surge em um momento de intensa repercussão de reportagens bombásticas. Elas revelaram que o escritório Barci de Moraes Associados, de propriedade da advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do STF, teria mantido um contrato com o Banco Master, recebendo pagamentos mensais milionários por longos três anos. As apurações jornalísticas foram além, expondo contatos de Alexandre de Moraes com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, justamente no período em que a autoridade monetária analisava a delicada situação da instituição financeira. Uma coincidência, no mínimo, suspeita e que clama por esclarecimentos.
Para Alessandro Vieira, a magnitude financeira do contrato, aliada ao contexto das revelações, grita por esclarecimentos urgentes, que só o Legislativo pode providenciar. Nos corredores do Senado, a iniciativa é interpretada como um passo decisivo para transformar o desgaste político generalizado em um procedimento formal de apuração, seja através de uma CPI robusta ou de outro instrumento de investigação parlamentar à altura da gravidade do caso. A pressão é clara: é preciso trazer luz a esse emaranhado de interesses.
O anúncio do senador intensifica brutalmente a pressão institucional sobre Alexandre de Moraes. O ministro já se encontra no epicentro de críticas públicas ferozes de amplos setores da imprensa e enfrenta crescentes questionamentos políticos sobre possíveis conflitos de interesse e a própria credibilidade do Supremo Tribunal Federal. Enquanto aliados do governo observam o movimento com uma cautela que beira o silêncio constrangedor, parlamentares da oposição exigem que o caso seja apurado de forma ampla, irrestrita e totalmente transparente, sem panos quentes.
Até o fechamento desta matéria, nem Alexandre de Moraes nem representantes do Banco Master se manifestaram sobre a iniciativa anunciada pelo senador. A expectativa é que, com o fim do recesso parlamentar, este escândalo ocupe o centro do debate político no Congresso, aprofundando uma crise que já abala as frágeis relações entre o Judiciário, o sistema financeiro e o poder político no Brasil. Os olhos da nação estão voltados para o Senado.



