A violência no Brasil deixou de ser exceção para se tornar a regra. Diariamente, a população assiste a cenas brutais de assaltos, assassinatos e conflitos entre facções que ceifam vidas e aterrorizam cidades. O que é ainda mais grave: a indignação foi substituída por uma perigosa normalização desses crimes.
Dados alarmantes do Datafolha, divulgados em 16 de outubro, revelam que a presença de facções criminosas e milícias se expande pelo território nacional. Cerca de 20% da população brasileira, o equivalente a 30 milhões de pessoas, já convive com a realidade imposta pelo crime organizado.
Essa escalada da criminalidade é assustadora: em 2024, o índice era de 14%, o que significa um crescimento expressivo em apenas um ano. Hoje, um em cada cinco brasileiros está sob o jugo do crime organizado.
É a população mais carente, nos morros e favelas das grandes capitais, a que mais sofre. Trabalhadores honestos, de menor poder aquisitivo, são as principais vítimas, vivendo reféns da criminalidade e das ‘leis’ impostas pelas facções.
Mesmo diante desses fatos estarrecedores, que apenas confirmam o clamor da população, o Governo demonstra inação. Há uma clara ‘vista grossa’, evitando um enfrentamento direto e firme contra o crime organizado.
No Rio de Janeiro, o jornal O Globo noticiou em 28 de outubro de 2024 a multiplicação das barricadas de traficantes e milicianos. Elas tomaram favelas e bairros, aparecendo até em mapas de aplicativos, com o objetivo de impedir a entrada da polícia e, na prática, do próprio Estado.
O poder bélico dessas facções é assustador, com rifles, metralhadoras e fuzis .50, armamentos capazes de derrubar aeronaves.
Para lavar o dinheiro do tráfico, o PCC movimentou R$ 42 bilhões entre 2020 e 2024, segundo reportagem da BBC News de 28 de agosto de 2025. A facção utilizou fundos de investimento e empresas financeiras na Avenida Faria Lima, em São Paulo, infiltrando-se no coração financeiro do país.
Esses dados alarmantes são a prova de que o Brasil negligencia a segurança de seus cidadãos. As facções criminosas ocupam, impunemente, cada vez mais espaço em nossa sociedade.
É urgente que a legislação enquadre essas organizações como terroristas. Ampliar esse conceito, adequando-o às práticas do crime organizado, é fundamental para uma atuação estatal mais contundente e eficaz.
O discurso de ‘atacar a causa e não o efeito’ da criminalidade, embora soe bem, é falacioso e impraticável hoje. O efeito já alcançou uma proporção tão vasta que, sem um enfrentamento direto e a eliminação do problema, será impossível sequer pensar nas causas.
A população mais carente é a que verdadeiramente vive refém. Alijada da segurança estatal, essa parcela da sociedade não tem perspectiva de proteção efetiva.
Hoj, 20% da população já está sob o domínio do crime organizado. Amanhã, sem medidas drásticas, esse percentual será ainda maior.
Ou o Governo ocupa seu lugar e enfrenta o crime organizado com a força necessária, ou o crime organizado tomará conta do país. A escolha é clara e urgente: dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço. É tempo de agir, antes que seja tarde demais.
