O deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL), relator da CPMI do INSS, desenvolveu uma estratégia para intensificar as investigações sobre o esquema que desviou R$ 4 bilhões de aposentadorias. O parlamentar planeja confrontar membros da comissão que, segundo sua avaliação, dificultam o avanço das apurações.
Instalada em agosto de 2025, a comissão já reuniu vasto material probatório, com mais de 20 depoimentos e 200 gigabytes de documentos. Gaspar pretende reapresentar requerimentos previamente negados, questionando publicamente a postura dos congressistas nas próximas sessões.
Entre os nomes destacados pelo relator está o do advogado Paulo Boudens, assessor direto do presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Boudens teria recebido R$ 3 milhões de uma empresa associada a Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado como o principal articulador das fraudes.
A oposição na CPMI solicitou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Boudens, além de sua convocação para depor. No entanto, a comissão rejeitou o pedido de quebra de sigilo, enquanto a votação para sua convocação permanece pendente.
Outra figura mencionada por Alfredo Gaspar é José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Lula e vice-presidente de um dos sindicatos envolvidos nas denúncias de fraude. Segundo o deputado, uma articulação política impediu sua convocação para prestar depoimento perante a CPMI.
Na avaliação do deputado alagoano, a proteção a determinados envolvidos no esquema é uma prática tanto de parlamentares da esquerda quanto do Centrão. Gaspar atribui essa blindagem a uma possível coordenação do Palácio do Planalto, o que explicaria a perceptível lentidão nos trabalhos da comissão.
A CPMI tem sido alvo de críticas por não conseguir avançar significativamente além das descobertas iniciais já realizadas pela Polícia Federal no que diz respeito ao bilionário esquema de fraude contra o INSS.
