O Globo já não é só um jornal; virou a voz oficial da propaganda do governo, contaminando o debate e dando cobertura à perseguição política. No último editorial, ainda pede que o Estado castigue quem deixou Ramagem fugir.
Eles deixam bem evidente que não basta calar os opositores aqui. Querem que o mundo inteiro sirva de caça, espalhando a repressão e forçando outros países a ajudar na perseguição.
Ramagem é só mais um dos milhares de exilados que a nova máquina autoritária produz. Na ditadura militar, nem se chegou a esse nível de obsessão. Muitos exilados reconstruíram suas vidas no exterior: Darcy Ribeiro trabalhou com governos latino‑americanos e lecionou no Uruguai, Venezuela e Chile; Miguel Arraes passou 14 anos na Argélia como consultor político; Leonel Brizola atuou nos EUA até voltar ao Brasil depois da Anistia; Caetano Veloso e Gilberto Gil brilharam em Londres; Paulo Freire e Celso Furtado tornaram‑se referências mundiais enquanto o regime tentava silenciá‑los.
Agora a situação ficou ainda pior: a perseguição segue além das fronteiras. O governo quer que o exílio, que antes servia de refúgio, vire uma continuação da prisão. O recado é claro: nenhum opositor está a salvo, nem fora do país.
A estratégia serve para criar um clima de medo, onde a gente cala a boca ao perceber que o Estado e sua imprensa cruzam oceanos para silenciar críticos. É desse jeito que as ditaduras se firmam: não só punindo quem fala contra elas, mas fazendo da discordância um risco de vida.
Os editoriais da Globo e dos demais veículos do grupo mostram que o grupo virou a voz de um autoritarismo em expansão, tentando tornar o inaceitável normal e abrir caminho para uma repressão sem limites.
