A CPMI do INSS recebeu da PF provas que ligam Fábio Luís Lula da Silva, de 50 anos, filho maior do presidente Lula, ao Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”. Antunes está detido desde 12 de setembro de 2025, sob suspeita de fraudes no sistema previdenciário.
Edson Claro, que trabalhou para Antunes, contou à PF, em 29 de outubro, que Lulinha recebeu cerca de 25 milhões em dinheiro não identificado e uma “mesada” de aproximadamente R$ 300 mil. Claro ainda disse que o filho do presidente poderia ter sociedade com Antunes.
Parte do depoimento chegou a alguns membros da CPMI. Quando, em 2 de outubro, se sugeriu chamar Claro para depor na comissão, os parlamentares do governo se opuseram veementemente.
As apurações sugerem que Lulinha e Antunes têm ligação com a World Cannabis, empresa registrada como Camilo Comércio e Serviços S/A (CNPJ 50.442.926/0001-05) em Águas Claras, Brasília. O negócio diz que vende cannabis medicinal feita em Portugal.
Papéis da comissão revelam que Lulinha aparece nas investigações. Em mensagens de WhatsApp que a PF recuperou, ele é chamado de “nosso amigo” ou “Fábio (filho Lula)”. Uma mensagem diz: “Mas é mais do mesmo. Vão tentar jogar o Fábio dentro disso”. Em outra, lê‑se: “Meu amigo gostou”.
Dentro da PF ainda há discordância sobre o caso. Por enquanto, a maioria entende que Lulinha não tem participação direta nas fraudes de descontos associativos.
Um Relatório de Inteligência Financeira (RIF nº 133.609) do Coaf examinou as contas de Ricardo Bimbo Troccolli, dono da Datacore Informática, que recebeu R$ 11,1 milhões de empresas ligadas a associações sob investigação. O relatório aponta pagamentos de boletos a terceiros, como um de R$ 10.354,60 para João Muniz Leite, antigo contador da família do presidente.
A PF encontrou ligações entre Lulinha e Roberta Moreira Luchsinger, que tem contato com o governo federal. Dados indicam que os dois fizeram, no mínimo, seis viagens juntos de junho de 2024 a junho de 2025, usando o mesmo código de reserva em voos dentro e fora do país.
Em julho de 2025, Lulinha mudou‑se com a família para a Espanha.
O STF já deu sinal verde para investigações que partem de indícios. Em 2 de setembro de 2017, o ministro Roberto Barroso autorizou a apuração contra o então presidente Michel Temer, dizendo que era preciso investigar o caso.
As apurações mostram que Roberta começou a se relacionar com o Careca do INSS no fim de 2024, exatamente quando os esquemas de descontos fraudulentos aos aposentados se intensificaram.
Roberta Luchsinger, através de seu advogado, negou qualquer ligação com descontos do INSS, dizendo que nunca teve nada a ver com isso. Ela explicou que seu trabalho é prospectar e intermediar negócios com empresas nacionais e estrangeiras e que, no ano passado, foi contatada pela empresa do Careca do INSS para atuar na regulação do setor de canabidiol.
O advogado de Luchsinger disse que as negociações ficaram apenas nas primeiras conversas e não avançaram. A nota ainda ressalta que Roberta conhece Fábio Luís e a família há anos, o que explica as várias viagens de lazer que fizeram juntos.
