A Confederação Brasileira dos Trabalhadores de Pesca e Aquicultura (CBPA), que entrou na bagunça de corrupção da farra do INSS e arrecadou R$ 221,8 milhões, funciona em uma sala de 35 m² num prédio comercial do Setor Bancário Sul, em Brasília.
O site Metrópoles contou que sua equipe foi até a sede e viu só uma pessoa trabalhando lá. A secretária fica lá cerca de duas horas por dia, segundo quem ouviu.
A CGU apontou que a CBPA não tem estrutura para encontrar, captar ou cadastrar pessoas, nem para prestar serviços, apesar de dizer que tem associados em mais de 3,6 mil municípios. Mesmo assim, até 2025 ela registrou 757 mil nomes.
A CPMI, que investiga o caso, revelou que dos 215 mil aposentados e pensionistas que protestaram contra descontos, 99 % nunca autorizaram a CBPA a fazer esses descontos no INSS.
Fundada em 2020, a CBPA conseguiu, em 2022, um acordo de cooperação técnica com o INSS que autoriza descontos nos benefícios, ainda que não tenha nenhum associado.
Mesmo sem funcionários, em 2023, logo no começo do governo Lula, a CBPA passou de quatro pessoas em maio para mais de 340 mil associados no fim do ano, gerando R$ 57,8 milhões em um ano.
No primeiro trimestre de 2024, quando os descontos indevidos atingiram o pico, a CBPA chegou a 445 mil filiados e arrecadou R$ 41,2 milhões nesse período.
Na CPMI do INSS, o deputado Alfredo Gaspar (União‑AL) ironizou o crescimento da CBPA, chamando‑o de ‘case’ de sucesso. Ele destacou que até 2025 a associação chegou a 757 mil cadastros, gerando mais de R$ 221 milhões em dois anos.
Há indícios de que a CBPA tenha contratado um telemarketing para atrair filiados, prática proibida pelo acordo de cooperação técnica que tem com o INSS.
O órgão calculou que, num mês de 22 dias úteis e jornada de 8 horas, a CBPA fez 8.524,86 descontos por dia útil – ou seja, quase 18 descontos a cada minuto.
A CGU informou que a CBPA pediu mais de 40 mil vezes para descontar benefícios de pessoas já falecidas.
