A severa estiagem que castiga o estado de São Paulo força diversas cidades a implementar medidas de emergência para garantir o abastecimento de água. A crise hídrica já afeta diretamente os reservatórios, com municípios em alerta máximo.
Mairinque, Várzea Paulista, Americana e Amparo são algumas das localidades que mantêm decretos de emergência hídrica ativos. Em Mairinque, o governo paulista concedeu outorga emergencial para captação de água, uma resposta crucial à seca na represa de Itupararanga.
Várzea Paulista, após interrupções no abastecimento, viu a Sabesp instalar novos pontos de captação. Em Americana, a prefeitura combate perdas no sistema e Amparo proibiu a lavagem de calçadas, aguardando R$ 40 milhões para uma nova Estação de Tratamento de Água.
Bauru, que enfrentou racionamento desde agosto, só normalizou o serviço após chuvas em outubro, mas o monitoramento segue rigoroso.
O impacto da estiagem vai além do consumo doméstico e atinge os reservatórios de hidrelétricas na bacia do Rio Grande, na divisa com Minas Gerais. Três das quatro represas operam abaixo de 40% da capacidade, com Água Vermelha em situação crítica, operando com apenas 24,5%.
Os reservatórios de Marimbondo (29,11%) e Furnas (36,65%), sob gestão da Axia Energia, também apresentam níveis preocupantes. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) monitora a situação e alerta para a necessidade de acionamento de termelétricas, o que eleva o custo da operação e reflete na conta do consumidor.
O ONS ressalta a importância da diversificação da matriz energética brasileira, que permite o uso de diferentes fontes, mas o desafio persiste na transição do período seco para o chuvoso, especialmente no horário de pico de consumo.
Na capital paulista e cidades vizinhas, a SP Águas decretou escassez hídrica nas bacias do Alto Tietê e Rio Piracicaba, suspendendo novas outorgas. A Sabesp, por sua vez, reduziu a vazão de água no período noturno.
O governo Tarcísio de Freitas informou que esta estratégia de redução de pressão noturna economizou um volume expressivo de 25 bilhões de litros de água, equivalente ao consumo de grandes cidades como Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá por dois meses. O Sistema Integrado Metropolitano opera com baixa capacidade, evidenciando a urgência de investimentos estruturais que o governo estadual busca viabilizar.
Especialistas como Samuel Barreto, biólogo da The Nature Conservancy Brasil, defendem a implementação preventiva de projetos de captação alternativa, alertando que ‘não dá para ficar rezando para São Pedro quando vem a crise’. É um chamado à ação e à responsabilidade, reforçando a necessidade de gestão eficiente e planejamento robusto para enfrentar os desafios hídricos.
