Na noite de segunda‑feira, 15, o senador Flávio Bolsonaro (PL‑RJ), pré‑candidato à Presidência, participou do Programa do Ratinho, transmitido pelo SBT. Durante a entrevista, ele voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal, acusando a Corte de praticar “perseguição política” e de ultrapassar os limites institucionais ao intervir diretamente na vida política do país.
O parlamentar também reiterou a defesa de anistia para os manifestantes de 8 de janeiro de 2023 e criticou duramente a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobretudo no que tange à suposta corrupção nas estatais.
A entrevista ocorreu em meio a forte repercussão envolvendo a emissora. Nos dias anteriores, o SBT havia sido criticado por convidar o presidente Lula e o ministro do STF Alexandre de Moraes para o lançamento do canal SBT News, na sexta‑feira, 12. O convite gerou reação negativa e levou o cantor Zezé de Camargo a pedir publicamente o cancelamento de sua participação em um programa especial de Natal já gravado, pedido que a emissora acabou atendendo.
Convite, rumores e esclarecimento do SBT
Na tarde de segunda‑feira, Flávio Bolsonaro informou pelas redes sociais que recebeu um telefonema do apresentador Ratinho, convidando‑o para o programa. Pouco depois, surgiram notícias de que a direção do SBT teria vetado a presença do senador. A assessoria da emissora, entretanto, esclareceu que não houve veto e que a informação havia sido divulgada “por engano”.
No estúdio, Ratinho recebeu Flávio Bolsonaro ao lado dos jurados que integram a bancada da atração. Ao longo da conversa, o apresentador reforçou, em mais de um momento, a posição institucional da emissora.
“O SBT foi e sempre será uma emissora imparcial.”
Críticas ao Judiciário e defesa de anistia
Durante o programa, o senador abordou temas como o papel do STF, a situação jurídica de seu pai, o ex‑presidente Jair Bolsonaro, além de propostas nas áreas de saúde e segurança pública. Flávio defendeu, de forma enfática, a concessão de anistia aos envolvidos nos protestos de 8 de janeiro e afirmou que, caso seja eleito presidente, concederá perdão judicial ao pai e a todas as pessoas que considera “presas injustamente”.
Ele alegou que o atual clima institucional tem prejudicado o trabalho no Congresso Nacional, estimando que cerca de 70 % dos parlamentares enfrentariam dificuldades para exercer seus mandatos devido a restrições à liberdade de expressão, o que, segundo ele, compromete a democracia representativa.
Estatais, Correios e denúncias de influência política
Ao analisar a gestão federal, Flávio Bolsonaro voltou suas críticas às estatais, apontando o que chama de má administração e uso político dessas empresas. Como exemplo, citou os Correios, que, segundo ele, acumulam prejuízos bilionários e seriam conduzidos por interesses partidários, não técnicos. O senador afirmou que a estatal está sob a influência do grupo de advogados conhecido como Prerrogativas, que, em sua visão, exerce poder informal sobre decisões estratégicas do governo.
Na parte final da entrevista, Flávio avaliou que decisões recentes do Supremo contribuíram para um ambiente de insegurança jurídica e para o aumento da polarização institucional. Para ele, o Judiciário deixou de ser um poder moderador e passou a interferir diretamente na política.
“Não só o discurso de ódio continua; mas as práticas de ódio continuam. A gente pode ter lado, a plateia pode ter lado. Quem não pode ter lado é o juiz.”
