Ver a Janja festejando o Dia do Evangélico é tão natural quanto um elefante de saia tentando fazer balé.
A saudação que ela usou não faz sentido para a maioria dos evangélicos. O termo “presença estruturante” só é entendido por quem lê história à luz do marxismo. Felizmente, a maioria dos fiéis não vai captar essa referência.
Ela ainda cita a “força e união das mulheres evangélicas na luta contra as desigualdades”, mostrando que seu discurso vai para o evangélico que apoia o PT. Esse grupo é pequeno, por isso o governo tem pouco apoio entre eles. Ao usar jargões de esquerda, Janja não parece querer ampliar a base.
Note que ela dirige a mensagem só às “mulheres evangélicas”, excluindo os homens. Janja escolhe esse recorte identitário, ignorando o jeito tradicional da comunidade evangélica.
A maioria dos evangélicos sabe que, se Janja não quisesse fazer bajulação, teria falado de “evangélicos” ou “evangelicxs” e lembrado que eles bloqueiam seu plano de legalizar o aborto. Mas a política fala mais alto, então ela só se referiu “às mulheres evangélicas”. Quem acredita que isso é um presente se engana.
Marcelo Guterman é engenheiro de produção formado pela Escola Politécnica da USP e tem mestrado em Economia e Finanças pelo Insper.
