A crise que ronda o bilionário Jorge Paulo Lemann ganha novo e preocupante capítulo. Uma das maiores operadoras do Burger King nos Estados Unidos, com 57 restaurantes na Flórida e Geórgia e vinculada ao grupo empresarial de Lemann, solicitou proteção contra credores.
A Consolidated Burger Holdings (CBH), como é conhecida a operadora, acumula dívidas que ultrapassam os US$ 35 milhões e fechou o último ano fiscal com um prejuízo de US$ 15 milhões. O pedido foi formalizado sob o Chapter 11 da legislação americana, um mecanismo similar à recuperação judicial no Brasil.
A empresa atribui suas dificuldades a fatores como a mudança nos hábitos alimentares dos consumidores, que estariam preferindo opções mais saudáveis, além do aumento da inflação e da elevação de custos operacionais, incluindo energia e aluguéis.
Este revés não é isolado na trajetória recente de Lemann. A 3G Capital, de seu grupo, adquiriu o Burger King em 2010 e, posteriormente, expandiu seus negócios com a formação da Restaurant Brands International (RBI), controladora da marca.
Em 2013, houve a parceria com Warren Buffett para a compra da Heinz, seguida pela fusão com a Kraft Foods em 2015. Contudo, os resultados ficaram aquém do esperado, levando a Kraft Heinz a reduzir dividendos, desvalorizar marcas em US$ 15 bilhões e enfrentar uma investigação da SEC por questões contábeis.
Diante do desempenho negativo, a 3G Capital reduziu sua participação progressivamente, e Lemann deixou o conselho da empresa em 2021, seguido por Alexandre Behring em 2022. No final de 2023, os empresários brasileiros desvincularam-se totalmente do negócio.
No início de 2023, o grupo de Lemann foi abalado por outro escândalo no Brasil: as Lojas Americanas. A varejista revelou inconsistências contábeis de R$ 25 bilhões, gerando uma crise de confiança e investigações por possíveis fraudes.
O Ministério Público Federal chegou a denunciar formalmente 13 ex-executivos da Americanas por crimes como associação criminosa – tipificação aplicada a grupos como PCC e Comando Vermelho. É importante notar que os nomes de Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herrmann Telles não foram incluídos na denúncia.
A série de problemas empresariais impactou o patrimônio de Lemann, que viu sua fortuna diminuir de R$ 91,8 bilhões para R$ 88 bilhões no último ano. Apesar disso, ele se mantém como o terceiro mais rico do Brasil.
O que esses fatos revelam sobre a gestão de grandes fortunas e o cenário econômico global? Deixe sua opinião nos comentários.
