O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acionou o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), para prestar esclarecimentos cruciais sobre a operação policial mais letal da história do estado.
A decisão de Moraes, motivada por um pedido do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), exige explicações detalhadas sobre a ação que resultou em mais de 130 mortos nos complexos do Alemão e da Penha.
O CNDH questiona a proporcionalidade do uso da força, a ausência de protocolos de segurança e a falta de transparência no planejamento. Uma audiência está marcada para 3 de novembro, no STF, onde o governador e as principais autoridades de segurança fluminenses serão ouvidos.
Conhecida como “Contenção”, esta operação já figura como a mais violenta da história do Rio, com balanços indicando 119 mortes pela polícia e 132 pela Defensoria Pública, incluindo quatro policiais. Mais de uma centena de pessoas foram presas.
Moraes também cobrou um relatório completo da operação, detalhando o número de agentes, armamentos, óbitos, feridos e as medidas para prevenir abusos. Ele quer saber as ações de assistência às vítimas e a responsabilização por eventuais excessos.
A intervenção ocorre no âmbito da ADPF das Favelas, que fiscaliza a letalidade policial no Rio. Ao assumir o caso, o ministro sinaliza a intenção do STF de reforçar o controle sobre operações com alta letalidade, reacendendo o debate nacional sobre a segurança pública fluminense.
A convocação possui peso político e simbólico. Moraes transforma um incidente regional em pauta nacional, reafirmando o poder do STF sobre as políticas de segurança. Cláudio Castro é colocado sob forte pressão para demonstrar transparência e controle institucional, em um estado historicamente marcado pela violência.
