Se quem é acusado é Jair Bolsonaro, o que chamam de “racismo recreativo” vira crime grave contra os negros. Mas se o acusado é Luiz Inácio Lula da Silva, o mesmo tom de piada ou erro passa a ser visto como crítica de bom gosto.
Um dia antes do Dia da Consciência Negra, a PGR deu a Lula um “indulto” moral: fechou rapidamente a denúncia de racismo feita a partir de comentários que ele mesmo fez em público.
Ainda se fala da multa de R$ 1 milhão que Bolsonaro recebeu por “racismo recreativo”, decisão firme do TRF‑4. Mas o MPF resolveu que as palavras de Lula – até a crítica a um “negro sem dente” como imagem ruim para o país – não precisam ser investigadas. O momento é chocante e mostra a seletividade: o que para o ex‑presidente foi crime grave, para o atual é só um comentário fora de contexto que não fere a dignidade humana.
O que a PGR mostrou é simples: em 2025, o mesmo gesto pode valer um milhão ou nada, só por causa de quem o faz. O órgão que deveria ser imparcial viu claramente o lado político da questão. Essa diferença de tratamento mina a confiança na justiça e confirma o que muitos brasileiros sentem – que a lei serve só aos poderosos.
