Maduro exigiu que, ao deixar o poder, mantivesse o comando das Forças Armadas e recebesse anistia total, pedidos que os negociadores consideraram impossíveis.
Na terça‑feira (2), diplomatas disseram que Trump descartou de forma firme todas as exigências de Maduro depois de uma conversa de apenas quinze minutos.
Brasil, Catar e Turquia foram os mediadores das conversas.
Segundo o New York Times e o Miami Herald, os EUA propuseram a Maduro um passe livre para deixar a Venezuela em até sete dias, levando a esposa Cilia Flores e o filho, sem risco de ser preso.
Maduro respondeu com três exigências. A primeira, de acordo com fontes dos EUA, pedia anistia total para todos os crimes cometidos por ele e seus aliados, cobrindo desde as sanções americanas contra cerca de cem oficiais venezuelanos até processos no Tribunal Penal Internacional.
A segunda exigência era manter o controle das Forças Armadas, como ocorreu na Nicarágua em 1991 sob Violeta Chamorro, e, em troca, garantir eleições livres, segundo Maduro.
Por último, Maduro pediu um prazo maior para deixar o cargo.
Com as negociações fracassadas, Trump usou as redes sociais para dizer que companhias aéreas internacionais já cancelaram voos à Venezuela porque os EUA não garantem a segurança.
Trump escalou a pressão ao rotular o Cartel de los Soles, ligado a generais venezuelanos de narcotráfico, como Organização Terrorista Estrangeira, o que deu ao exército dos EUA respaldo legal para bombardeios que já mataram 80 pessoas em navios suspeitos no Caribe.
Com essa rotulagem, Maduro e aliados como o ministro do Interior Diosdado Cabello ficam legalmente no mesmo nível de grupos como a Al Qaeda.
A oferta dos EUA não citou os chamados “narcosobrinhos”, parentes de Cilia Flores que já admitiram traficar drogas, mostrando que o passe livre seria só para a família nuclear de Maduro.
Os EUA enviaram uma grande força ao Caribe: o porta‑aviões Gerald Ford, um submarino nuclear, dez navios de guerra e cerca de 15 mil soldados, superando em muito a defesa venezuelana.
Maduro respondeu apenas com gestos simbólicos. Cabello falou de um batalhão indígena que faria os americanos “sentir o curare” na pele, mas especialistas dizem que o regime não tem opções reais contra o poder militar dos EUA.
Apesar da presença russa na Venezuela, analistas acham que Moscou não vai intervir diretamente, já que está ocupada nas negociações para acabar a guerra na Ucrânia e não quer arriscar seus equipamentos contra os EUA.
Lula e o governo brasileiro querem resolver a crise de forma pacífica, evitando uma mudança violenta que traria mais refugiados ao Brasil.
Na região, só o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, ainda apoia abertamente Maduro, mandando as companhias aéreas colombianas continuarem voos para a Venezuela, mesmo com os riscos.
Na última semana, Maduro apareceu de uniforme camuflado segurando a espada de Simón Bolívar; lembramos que Chávez chegou a mandar exumar o cadáver de Bolívar para provar que ele foi envenenado.
Nas conversas não ficou claro para onde Maduro iria viver de exilado. Analistas dizem que Cuba não serve, porque depende do petróleo venezuelano; Brasil e México também seriam difíceis por causa das reações internas. As opções mais prováveis são Rússia ou Irã.
