O futebol profissional, uma plataforma global para movimentação de grandes somas, está sob escrutínio. No Brasil, o Ministério Público de São Paulo investiga a origem de R$ 300 milhões usados pelo banqueiro Daniel Vorcaro para adquirir 26,9% da SAF do Atlético Mineiro entre 2023 e 2024.
Segundo o MP, os valores teriam vindo de uma complexa rede de fundos – Olaf, Hans, Alepo, Maia e Astralo – todos geridos pela Reag Investimentos. Estes fundos são apontados na Operação Carbono Oculto como instrumentos para lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio do PCC.
Os fundos operam no modelo ‘fundo sobre fundo’, onde um investe no outro até o destino final: o Galo Forte FIP, veículo de Vorcaro para a compra da participação na SAF. Documentos da CVM revelam que o Olaf, por exemplo, tinha patrimônio líquido de R$ 19 bilhões em 2024, aplicado no Hans, que controlava outros fundos até chegar ao Astralo, único cotista do Galo Forte.
O Atlético Mineiro nega irregularidades e afirma que o fundo é ‘regular perante a CVM’, sem conhecimento de ilegalidades. Contudo, o caso expõe a escalada do PCC em áreas que se imaginavam transparentes.
A organização criminosa, que nasceu em prisões paulistas, é agora suspeita de atuar na Faria Lima, o coração do capitalismo brasileiro, e de financiar, indiretamente, parte de um dos maiores clubes do país. Semanas atrás, a imprensa paulista já havia revelado o envolvimento do ex-presidente do Corinthians, Augusto Nunes, com figuras ligadas ao mesmo grupo.
O episódio mineiro demonstra que o PCC não se limita ao submundo do crime: ele se sofisticou, infiltrou-se no sistema financeiro e se mistura com o dinheiro ‘limpo’ do futebol. Parece que os que antes cometiam crimes de ‘colarinho branco’ já não têm seus colarinhos tão imaculados.
