A Justiça ordenou a prisão do prefeito, da vice-prefeita e dos 11 vereadores de Turilândia, interior do Maranhão, no âmbito de uma investigação que apura um amplo esquema de corrupção e desvio de recursos públicos. As operações tiveram lugar tanto em Turilândia quanto em São Luís, capital do estado.
Desde segunda-feira, o Grupo de Ação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), com apoio da Polícia Militar, conduziu operações que culminaram na prisão de 14 indivíduos. Entre os detidos estão seis vereadores, a atual vice-prefeita de Turilândia, Tânia Mendes, e um médico neurocirurgião acusado de atuar como agiota, tendo emprestado dinheiro ao prefeito.
Nas diligências, os agentes localizaram mais de R$ 2 milhões em espécie na casa do irmão do neurocirurgião, montante que, segundo os investigadores, pode estar ligado ao esquema criminoso.
Na quarta-feira (24), cinco investigados que ainda eram foragidos se apresentaram espontaneamente à polícia. Eles incluem o prefeito Paulo Curió, filiado ao União Brasil; a primeira-dama, Eva Curió; a ex-vice-prefeita Janaína Lima, do PRD; o marido dela, Marlon Serrão; e o contador da prefeitura, Wandson Jhonathan Barros.
O Ministério Público está investigando o prefeito, a vice-prefeita e os 11 vereadores por crimes de organização criminosa e corrupção. Segundo os promotores, o esquema teria desviado mais de R$ 56 milhões dos cofres públicos em menos de quatro anos.
Segundo as investigações, desde 2021, um posto de combustíveis pertencente à ex-vice-prefeita Janaína Lima e ao marido era usado para lavar dinheiro. A prefeitura efetuava pagamentos por abastecimentos que, conforme apurado, não ocorriam, e os valores eram devolvidos diretamente ao prefeito Paulo Curió.
Ainda de acordo com o Ministério Público, a servidora responsável pelos pregões eletrônicos do município, Clementina de Jesus Pinho, admitiu que a maioria das licitações era fraudada. Ela também foi presa na operação e, em depoimento, afirmou ter agido sob ordens diretas do prefeito.
“Dito por ela, 95% das licitações foram fraudadas de acordo com a determinação do Paulo Curió. E ela trouxe um dado muito interessante, ela fazia isso para ganhar mimos, ganhar presentes, ganhar algo espúrio”, declarado o promotor de Justiça Fernando Berniz.
Apesar das prisões, cinco vereadores permanecem foragidos. A Justiça optou por converter a prisão preventiva dos outros seis parlamentares municipais em prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica.
Mesmo sob investigação, o presidente da Câmara Municipal, José Luís Araújo, do União Brasil, não foi afastado e deverá assumir interinamente a administração do município. O Ministério Público afirma que a medida visa evitar a paralisação dos serviços públicos.
“Para que a gente não inviabilizasse a administração municipal, os vereadores continuarão exercendo sua vereança. Inclusive, a decisão da desembargadora, ela deixou essa opção: vai ser encaminhada essa decisão dela ao Procurador Geral de Justiça do estado do Maranhão para que ele analise a possibilidade ou não, preenchendo ou não os requisitos, de ingressar com uma ação interventiva no município de Turilândia”, afirmou Fernando Berniz.
