O Rio de Janeiro viveu, nesta terça-feira, um dos mais graves capítulos de sua história recente na segurança pública. Uma megaoperação das forças estaduais nos complexos do Alemão e da Penha, Zona Norte, confrontou a facção Comando Vermelho, resultando em mais de 60 criminosos mortos, cerca de 80 prisões e dezenas de armas de grosso calibre apreendidas.
Cerca de 2.500 agentes das forças de segurança participaram da ação, a maior já registrada no estado. Os alvos eram as lideranças do Comando Vermelho, grupo que atua no tráfico de drogas, armas e aliciamento de menores em diversas comunidades cariocas.
Durante a intervenção, blindados e helicópteros foram empregados. Há relatos de que até mesmo drones foram utilizados pelos criminosos para atacar os policiais. O confronto causou incêndios em barricadas, fechamento de escolas e interrupção de transporte público, gerando grande temor entre os moradores.
Este episódio escancara, com clareza brutal, uma realidade inconveniente: a criminalidade organizada no Rio e no Brasil não é um mero subproduto de “exclusão social” ou “vitimização” circunstancial. Estamos diante de grupos que exercem poder paralelo, lucram com o tráfico em escala industrial, importam armamento pesado, recrutam jovens e desafiam abertamente o Estado.
É imperativo reconhecer: centenas de milhares de moradores de favelas vivem sob o jugo do medo, do controle territorial e da extorsão impostos por esses grupos. A criminalidade transcende a “falta de oportunidade” — ela se organiza, prospera financeiramente, exporta o caos e estabelece suas próprias leis.
A narrativa de que “o traficante é vítima da sociedade” desmorona frente a estes fatos. As corporações criminosas operam como verdadeiros “Estados dentro do Estado”, ditando regras e impondo o medo.
O enfrentamento exige mais que retórica. São necessárias políticas públicas robustas de prevenção, repressão, inteligência, recuperação urbana e reinserção social. Mas, acima de tudo, exige firmeza para não romantizar ou humanizar aqueles que lucram diretamente com o caos e a violência.
Restam agora desafios significativos. Como o Estado reagirá a possíveis retaliações? Haverá reforço permanente, apoio federal e uma estratégia de longo prazo? O governador chegou a declarar que “o Rio está sozinho nesta guerra”.
Enquanto há quem critique a violência de operações como esta e a necessidade de rever a “guerra às drogas”, a verdade permanece: traficantes armados com drones e fuzis não são vítimas passivas. São os autores de uma violência sistemática que assola nossa sociedade.
