A arquiteta brasileira Daniela Marys de Oliveira, de 35 anos, vive um drama no Camboja. Detida há sete meses na Prisão Provincial de Banteay Meanchey, ela foi presa após se recusar a aplicar golpes pela internet, depois de ser atraída ao país com falsa promessa de emprego. Agora, Daniela será julgada por posse de drogas no próximo dia 23 de outubro.
A situação da brasileira é agravada pelas condições da prisão. Documentos do Camboja News indicam que a Prisão Provincial de Banteay Meanchey enfrenta “superlotação severa”, com algumas instalações operando em até 200% de sua capacidade máxima, segundo levantamento do grupo de direitos humanos Licadho.
Este mesmo presídio registrou a morte de um detento, Leap Chantha, de 22 anos, em março deste ano, devido a complicações cardíacas. Ele havia sido preso por posse ilegal de armas, violência, roubo e uso de drogas.
Daniela embarcou para o Camboja em 30 de janeiro de 2025, conforme relatado por sua irmã Lorena. A realidade do destino se mostrou distante da promessa inicial.
Em março, durante o treinamento para o suposto emprego, Daniela descobriu que seria forçada a aplicar golpes pela internet. Após sua prisão, criminosos se apoderaram de seu celular e extorquiram sua família, que transferiu aproximadamente R$ 27 mil antes de perceber a fraude.
A Prisão Provincial de Banteay Meanchey tem um histórico de problemas estruturais, incluindo uma inundação em 2013 que forçou a evacuação de 842 detentos.
O primeiro contato da família com Daniela ocorreu em 29 de março. Na ocasião, a brasileira informou ter solicitado um teste toxicológico para provar sua inocência, pedido que foi negado pelas autoridades cambojanas.
Uma ONG local providenciou assistência jurídica para Daniela, enquanto seus familiares no Brasil organizaram uma campanha de arrecadação online, buscando R$ 60 mil para cobrir despesas com advogados, passagens aéreas e itens básicos.
A Embaixada brasileira no Camboja declarou estar realizando “gestões junto ao governo cambojano e prestando a assistência consular cabível à nacional brasileira”, conforme o protocolo de atendimento a vítimas de tráfico internacional de pessoas.
O caso de Daniela reflete um padrão em que redes de tráfico humano no Sudeste Asiático atraem estrangeiros com falsas promessas de trabalho legítimo e bem remunerado, expondo-os a perigos e injustiças.
